É o que mostrou a palestra “Inovações Tecnológicas na Avaliação de Carnes: o Futuro com a Inteligência Artificial”, realizada nesta segunda-feira (8), no Pavilhão Smart Agro, da ExpoLondrina
A Startup Brazil Beef Quality, que nasceu em 2017 na incubadora da Esalq-USP, criou um sistema nacional para avaliação de carcaça, inspirado nos sistemas de classificação de carcaças Meat Standart Austrália (MAS) e USDA Quality Grade. O palestrante Marcelo Coutinho contou que a startup brasileira foi financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo Pesquisa de Estado de São Paulo), e hoje corre o Brasil para divulgar o trabalho que utiliza a inteligência artificial para avaliar a carcaça bovina.
Ele explica que a coleta e análise de dados por meio de software especializado é uma prática comum na indústria da carne para garantir a qualidade do produto final. “Porém, este processo envolve a coleta de uma série de informações detalhadas sobre a carcaça, como o pH e a marmorização, que são indicadores críticos da qualidade da carne. Com esses dados, é possível prever a textura e o sabor da carne, permitindo que as marcas de carne mantenham um padrão de qualidade consistente”, explica Coutinho.
Além disso, a transparência e o compartilhamento de informações com os produtores podem ajudar a melhorar as práticas de produção, levando a uma carne de melhor qualidade e, potencialmente, a uma maior rentabilidade para o produtor, indústria e varejo. “Este ciclo entre a indústria e os produtores é importante para responder às demandas dos consumidores por produtos de alta qualidade e para fortalecer a relação entre todos os elos da cadeia produtiva da carne, aumentando a rentabilidade desta cadeia”, afirma o palestrante.
Ana Maria Bridi, especialista em ciência da carne, reforça que a avaliação de carcaças é um processo importante na indústria da carne, pois determina a qualidade e o valor do produto final. “Este processo envolve a análise de vários fatores, como a área do olho do lombo, a espessura da camada de gordura e o grau de marmoreio da carne. “Estes indicadores são essenciais para classificar a carne em categorias de qualidade, desde a carne gourmet até a carne mais comum, conhecida como commodity”, acrescenta.
“A inteligência artificial pode processar dados como a genética, a idade, o sexo e as condições de criação do animal para prever a qualidade da carne”, disse a professora, acrescentando que “combinando métodos tradicionais e tecnologia avançada, é possível garantir que a carne de alta qualidade seja identificada e valorizada adequadamente, beneficiando tanto os consumidores quanto os produtores”.
Ela destaca ainda que a tecnologia de análise de imagem, desenvolvida pela UEL, permite determinar a quantidade de marmoreio da carne através de uma simples fotografia tirada com um celular que utiliza o aplicativo. “Esse avanço proporciona uma avaliação rápida e acessível da gordura intramuscular, um indicador importante de qualidade”, acrescenta.
Outra inovação em teste é o uso do espectroscópio de infravermelho próximo (NIRS), que analisa a carne baseando-se na absorção e reflexão de comprimentos de onda específicos. Essa tecnologia pode identificar diferenças sutis entre carnes normais e aquelas com anomalias ou de qualidade inferior. “Esses métodos representam um salto significativo na precisão e eficiência da classificação de carnes, garantindo melhorar a seleção de produtos para consumidores e indústrias”, enfatiza a professora.